sábado, 29 de janeiro de 2011

Canção

Eu sinto que perco o jeito. Sinto que perco as palavras.
Sinto minha saudade apertar.

E com uma música consigo buscar os cheiros, as sensações, a chuva. Coisas tão superficiais como filmes e seriados que eu dividia com você. Coisas minhas, sonhos meus, neuras que fizeram eu me transformar no que sou hoje. Sinceramente, eu gosto do que sou... e admito que sempre critiquei.
Me tornei o que sempre disse que não me tornaria, eu não vivo o momento. Eu penso demais, eu espero demais.

Eu posso passar tempos e tempos no silêncio, e fazendo meus deveres como um robô. Sentindo falta do que devo sentir.
Sinto que perco meu jeito rápido de escrever, de colocar pra fora tudo o que minha intensidade impõe. E perco meu vocabulário. Aceito a condição dos dias passarem um de cada vez, das oportunidades aparecerem apenas de vez em quando. Completo minha impaciência com minha atual nostalgia.
Porque eu sei... o que sou hoje, nunca será o que fui ontem. As coisas mais puras que senti hoje se mostram tão maduras, a ponto de eu entender que, talvez, elas nunca aconteçam.

E como o mundo dá voltas. Há feridas que sempre irão incomodar, mas as sensações sempre serão unicamente minhas. Assim como as alegrias que não pude retribuir... elas vão e voltam. Talvez não com as mesmas pessoas, mas elas se repetem... embaixo do meu próprio nariz.

E aquela vontade de se mudar volta, aquela necessidade de palavras de conforto... faz lembrar da amarga decepção imposta pela realidade.

Algo que escrevo na impulsividade, deixando meus dedos dançarem no teclado, e até mesmo de forma melodiosa... é o que trás e atrai você. Sim, minha saudade calada e insana.

É apenas saudade, é apenas uma canção... foi apenas uma época.
Mas nunca será apenas uma pessoa.

De tudo que me resta, nada posso tirar.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Reparos

Lembro muito bem como comecei este blog, e porque comecei. Eu me encontrava tão cheia de palavras e de vazio ao mesmo tempo, que me expressando nesse indireto diário foi minha salvação. Tudo que escrevi sempre foi pra mim, e me dava alívio sempre que precisava. E ainda me encontro comparando textos, e acabo lembrando de coisas. Vejo minhas épocas de ausência, e minhas fases de confusão... mas eu sempre soube o que isto significava. Uma visão de longe diria que antes eu era bem superficial, embora eu saiba que antes eu tinha as sensações mais vivas, e o realismo era escasso.

Hoje, ainda gosto de poesia, de palavras doces e pessoas gentis... mas eu penso muito mais nas conseqüências, no que vale a pena ou não. E eu sei as respostas, é só olhar mais profundo, você acaba entendendo tudo. O que de certo, não adianta nada, eu acabo por ser impulsiva nas horas mais inconvenientes.

De tempos em tempos, cuido deste espaço, que se torna somente meu. E tenho precisado dele, em minha constante terapia. Já ouvi opiniões negativas em relação a isto aqui, mas sempre levei em consideração só o apoio que tive. Nada irá fazer com que eu perca o orgulho disto. Porque, isto aqui, também é uma parte de mim, ainda que pequena.

O que eu escrevo no soluço da razão, tem mais sentido que muitos pensamentos já formados. Isto se torna a imagem da minha alma multiplicada. É para ser complexo e contraditório. Há uma beleza á mais nessa inconstância.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Pelo avesso

...E então, com palavras tão inocentes, eu consigo me enxergar.
O verde escuro, de tons diferentes passando rapidamente pela janela... numa velocidade maior que o normal. Olhos absortos em cenas do passado, como uma expressão de um espectador na platéia... nada de bom, nada de ruim. E logo, olhos úmidos e saudosos... sabendo que a beleza do passado, está exatamente em ser passado.
Com música calma e instrumental, a espera por coisas novas... e o tranquilo adormecer.

Me sinto tão confortável.
Ouvir coisas que eu mesma diria da boca de outra pessoa fez isso aflorar de tal maneira que durará o resto da semana.

Minha esperança equilibrista, pelo avesso.
Minha confusão abstrata e perdida... meu amor artístico e mimado
Fazem meus pensamentos incoerentes.