domingo, 28 de maio de 2017

Vista presente

Na ausência de conflito, há um descortinar do pacifico silêncio, as raízes envoltas de certezas construídas e de dúvidas impostas começam a perder a força... e o caos que causava a batalha mental se acomoda. Há o prenuncio de um intervalo, em que a escuridão interna saboreia uma brisa morna junto ao reinventar-se. Seria essa minha reentrante filosofia de vida algo para se repensar, ou justificar? Poderia eu ficar, ocasionalmente... ou ao menos por agora, nessas águas rasas recém descobertas? Creio que um "sim", eloquente e saturado de novas possibilidades, seria perfeitamente compatível com este momento.

Uma nova e tranquila empreitada é providenciada. Buracos são preenchidos, defeitos edificados são aceitos. Uma janela é arquitetada, a vista se torna lar... e me delicio ao vagar com os olhos, não nas mudanças, mas no instante do agora. Ao observar com atenção, vejo no palco da vida o passado destruindo-se, e o futuro render-se ao descontrole. Imperioso e parcial o momento presente. Na despercebida decisão, há um tilintar límpido e sabido, que em notas ardilosas nos dizem que o que é, simplesmente é. No sentido em não se fazer sentido desponta a aceitação. No desabrochar da luz cintilada, os vagantes olhos amam intensamente mergulhar na nova e adivinhada realidade. E não apressadamente, descongelo e prossigo para a porta, também arquitetada. Longe de mim não acreditar nas notas atualizadas, anunciando o jardim de caminhos á minha frente. Vislumbro os ponteiros, acalmo meus mares e espero, dessa vez, talvez, com mais sabedoria.