domingo, 1 de maio de 2016

Descompasso

Conta pra ele do descompasso dessa menina. Que tem ânsia de rasgar o peito, que sabe que faz, mas não faz por mal, não, Seu moço. Conta que sua dedicação é ser fiel ao sentir, só dela... e vezenquando alguém passa quase que percebido por ali. E que ela se perde, sem precisar respirar debaixo do oceano do mundo seu. Verdade que ela tem o capricho de se ausentar, sim, Seu moço... mas que faz por gostar do que é somente seu. Conta, também, que ela está sorrindo, como se houvesse um espetáculo do que não deu certo, pois o amanhã é mais bonito por ter esperança, por ter tempo. Conta que o passado dela esta na zona de conforto, Seu moço, e sim... é o que ela tem de mais rico. Que é algo que ela não consegue preencher nem comparar, é verdade, Seu moço.

Revela pra ele, Seu moço, que a fuga dela é consciente, mas inconsequente. Que por pouco, pouco mesmo, ela não perde o brilho da intensidade que a preenche. Revela sua mania de cheirar as frutas do mercado e de pisar nas pegadas que não são suas na areia, Seu moço. Revela a saudade, quietinha... serena. Revela também suas paixões, que por pura teimosia, duram eternidades. Mas, fala também, Seu moço... que esse descompasso é preenchido de preciosidades.