sexta-feira, 19 de junho de 2015

Carta ao passado

Hoje não venho te acusar de algum episodio, ou lhe dizer com frieza o que você deve fazer. Não vim escutar o quanto me acha ingrata por algo que não pedimos para acontecer. 

Eu vim em paz e para lhe dizer tudo que não foi dito, do que tem acontecido e das coisas que deixaram saudade... Do gosto de pão de queijo, das brincadeiras infantis, da falta de orgulho numa briga na sexta a noite, dos nossos segredos culinários, do sol matinal iluminando o corredor da casa, de pedir para colocar o seu sapato num dia frio, da rede no domingo.

Vim para marcar o sentimento do dia de hoje. Um sentimento sem nome, talvez. Aquele que percebemos que será lembrança.

Estou aqui para lhe dizer que minha amizade você teria, e que podemos sim tirar proveito deste aprendizado, para perdoar e pedir perdão.

Vim para que você saiba que estou feliz por você ter alguém, e não critico... para saber como você está, se sua família comprou aquele sitio, para lhe falar que encontrei aquele casal de amigos e que estão noivos, sabendo que você já sabe. Para lhe falar que experimentei aquele vinho que tanto queria, para lhe dizer que o admiro em muitos aspectos... para lhe dizer que me encontrei.

Sei que não somos mais, e nem seremos, mas estou muito grata por tudo que já passou. No momento do agora, era tudo que queria que soubesse, e tudo que queria que sentisse.

Um sentimento branco, leve e momentâneo. Sem criticas ou tons de voz elevados e acusações.. E por pelo menos uma vez, sem cobranças.. sim, houve um tempo. 

Estou aqui para lhe dizer que sei que esse silêncio é a aceitação, e que nunca quis machuca-lo, mas havia algo que não estava mais encaixando. Como uma flor que perde o perfume. Enfim, tenho refletido muito sobre como o tempo passa rápido, grande e verdadeiro clichê... e sei que o melhor ainda está por vir para mim e para você.  

Não há outra forma de terminar isto aqui, se não dizendo que fique bem.